O Amor incondicional.
Eu
sou israelita, judeu sefardita, de origem ibérica. Assim sendo, sou da
mesma etnia ancestral de Jesus e Maria, ambos judeus. Quando, com onze
anos de idade, fazia escola dominical, preparatória para o "bar mitzvá",
o rabino perguntou qual era o judeu mais importante da história, e eu
respondi: Jesus. O rabino, admirado, pediu uma justificativa, e,
respondi que deveria se-lo porque se falava de Jesus em todos os lugares
e todos os dias. O rabino ficou satisfeito, posou a mão direita sobre
minha cabeça e disse: Que o Altíssimo te abençoe meu filho. Este
episódio marcou o fim de minha infância. Adulto, fui pesquisar este
personagem emblemático chamado Jesus Cristo, e, através dele, fui levado
à acrescentar estudos com relação ao personagem mais silencioso e
enigmático do Novo Testamento, Miriam, mãe de Jesus, chamada de Maria.
Este não é o espaço adequado para descrever o desenvolvimento de minhas
investigações e estudos sobre estes ambos seres humanos transcendentais.
O que merece destaque é a transformação provocada na minha vivência e
no meu entendimento filosófico, teológico, e religioso, se não
vejamos.Não aceitei e não aceito Jesus Cristo como meu salvador, mas,
identificando-o como o Nazareno Rabino da Galiléia, é o meu mestre que
maior espaço ocupa no âmago de minha consciência propensa à uma crítica
racional do perdão. Quanto à Miriam, ou Maria, sua própria história é o
testemunho da sua influência no mundo, como a presença da esperança
filial de todo ser humano necessitado do numinoso do acolhimento
materno, diante dos conflitos da incompreensão da sobrevivência
cotidiana. Num determinado momento de devoção criei a prece: "Maria
Santíssima, minha mãe, toda poderosa em sua infinita misericórdia e
empatia, na sua manifestação maternal mais sublime, preponderantemente
feminina e complementarmente masculina, que a si mesma se auto fecunda
para gerar a Suprema Essência da natureza cósmica". Diante destas duas
presenças celestiais sinto a minha razão, físico, sensação, emoção,
psíquico, e espiritualidade absortos na contemplação do Altíssimo e das
coisas do mundo sobrenatural. E, mesmo assim, não me converti, continuo
israelita, judeu sefardita, de origem ibérica, porém, com uma convicção
religiosa que me concede o livramento de todos os preconceitos e
discriminações, graças à Virgem Maria Santíssima e ao seu divino filho, o
Nazareno Rabino da Galiléia, exemplos definitivos do amor
incondicional, que procuro aprender e apreender em todos os momentos da
minha convivência com os meus irmãos maiores e menores, que a
sincronização coloca nas encruzilhadas da vida.
Hárifhat, o poeta sufí do deserto.