sexta-feira, 28 de março de 2014

Ao meu amigo, Padre Zezinho

O Amor incondicional.
Eu sou israelita, judeu sefardita, de origem ibérica. Assim sendo, sou da mesma etnia ancestral de Jesus e Maria, ambos judeus. Quando, com onze anos de idade, fazia escola dominical, preparatória para o "bar mitzvá", o rabino perguntou qual era o judeu mais importante da história, e eu respondi: Jesus. O rabino, admirado, pediu uma justificativa, e, respondi que deveria se-lo porque se falava de Jesus em todos os lugares e todos os dias. O rabino ficou satisfeito, posou a mão direita sobre minha cabeça e disse: Que o Altíssimo te abençoe meu filho. Este episódio marcou o fim de minha infância. Adulto, fui pesquisar este personagem emblemático chamado Jesus Cristo, e, através dele, fui levado à acrescentar estudos com relação ao personagem mais silencioso e enigmático do Novo Testamento, Miriam, mãe de Jesus, chamada de Maria. Este não é o espaço adequado para descrever o desenvolvimento de minhas investigações e estudos sobre estes ambos seres humanos transcendentais. O que merece destaque é a transformação provocada na minha vivência e no meu entendimento filosófico, teológico, e religioso, se não vejamos.Não aceitei e não aceito Jesus Cristo como meu salvador, mas, identificando-o como o Nazareno Rabino da Galiléia, é o meu mestre que maior espaço ocupa no âmago de minha consciência propensa à uma crítica racional do perdão. Quanto à Miriam, ou Maria, sua própria história é o testemunho da sua influência no mundo, como a presença da esperança filial de todo ser humano necessitado do numinoso do acolhimento materno, diante dos conflitos da incompreensão da sobrevivência cotidiana. Num determinado momento de devoção criei a prece: "Maria Santíssima, minha mãe, toda poderosa em sua infinita misericórdia e empatia, na sua manifestação maternal mais sublime, preponderantemente feminina e complementarmente masculina, que a si mesma se auto fecunda para gerar a Suprema Essência da natureza cósmica". Diante destas duas presenças celestiais sinto a minha razão, físico, sensação, emoção, psíquico, e espiritualidade absortos na contemplação do Altíssimo e das coisas do mundo sobrenatural. E, mesmo assim, não me converti, continuo israelita, judeu sefardita, de origem ibérica, porém, com uma convicção religiosa que me concede o livramento de todos os preconceitos e discriminações, graças à Virgem Maria Santíssima e ao seu divino filho, o Nazareno Rabino da Galiléia, exemplos definitivos do amor incondicional, que procuro aprender e apreender em todos os momentos da minha convivência com os meus irmãos maiores e menores, que a sincronização coloca nas encruzilhadas da vida.
Hárifhat, o poeta sufí do deserto.