domingo, 7 de maio de 2017

Escritos no passado, e, ainda, presentes.

07.05.2017.
Estou pensando que a quantidade de translações de minha vida está me tornando poeta. 
Sempre lutei para ser, pelo menos, um aceitável racionalista. Os poetas são sensitivos e emotivos demais, e falam de um realismo fantástico sedutor que, perigosamente, pode levar-nos aos prazeres orgíacos de uma inteligência com o mais absoluto livramento dos preconceitos.
E quem sou eu sem meus preconceitos?
Sou alguém sem armas artificiais, sem defesas naturais, sem máscaras sociais, sem referências religiosas, sem seguranças dogmáticas, sem certezas políticas.
Sou como um recém-nascido, chegado sem nada, mas possuído do poder do potencial do todo e do tudo.
E neste desamparo e abandono, o mais desafiante é que o único recurso disponibilizado, é o amor.
Os poetas são soberanos despóticos, e escravos subjugados do amor.
Parece-me que estou amando todos os amigos, mesmo os hipócritas, e todos os inimigos, mesmo os imperdoáveis. Justificado por este sentimento indefinido, sinto-me senhor da morte onde a vida é eterna, senhor do feio onde a beleza é perene, senhor do mal onde o bem é preponderante, senhor do vício onde a virtude é sublimadora, senhor de mim mesmo, onde a chama, a luz e a temperatura desta loucura chamada amor me consome no êxtase da minha inteligência reabsorvida pela Suprema Vontade, residente no templo sagrado do corpo individual de todos os seres.
É nisto que medito agora.
Yaakov, o sefardita.