segunda-feira, 11 de maio de 2015

O Racismo

Fui um executivo de imenso sucesso. Contratava meus auxiliares após um contato pessoal com os mesmos, quando analisava os critérios de seleção, aplicados pelo departamento de recursos humanos, que resultavam na apresentação daqueles candidatos. Foram muitas as vezes em que contratei profissionais negros com qualificação inferior e potencial superlativo. A diretoria do departamento de recursos humanos questionava minhas escolhas alegando serem contrárias à conservação do nível cultural da organização. Todos os profissionais negros que contratei se desenvolveram, técnica e intelectualmente, acima do esperado. Alguns se tornaram líderes, instrutores, e gerentes. Por falta de vaga para todos, outros foram contratados pelos nossos concorrentes. Entretanto, enfatizo uma abordagem feita logo após a admissão do profissonal negro. Dizia-lhe: Pedro, ou João, ou José, ou qualquer outro nome, não se esqueça jamais que você não é "de cor", você é negro, e tenha o mais profundo orgulho em ser negro, e exija ser respeitado como tal. Exija dos seus colegas o mesmo respeito que lhe tenho. Tenha consciência de que o contratei também porque você é um negro brasileiro, e não um afrodescendente. Esta foi uma das minhas contribuições ativistas contra o racismo neste país. Todavia, isto não tem mérito porque, reencarnatoriamente, nasci amando tanto a raça negra que tenho filhos mulatos. E só um branco, pai de mulatos, sabe como é amarga a lágrima derramada ao ver seus filhos serem discriminados por uma sociedade falaciosa, hipocrita, e doente, que persiste em negar e esconder a contribuição civilizatória de um dos mais significativos segmentos étnicos de sua formação como um povo multirracial.
Hárifhat, o poeta sufí do deserto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário