Fui um executivo de imenso sucesso. Contratava meus auxiliares após um contato
pessoal com os mesmos, quando analisava os critérios de seleção, aplicados pelo
departamento de recursos humanos, que resultavam na apresentação daqueles
candidatos. Foram muitas as vezes em que contratei profissionais negros com
qualificação inferior e potencial superlativo. A diretoria do departamento
de recursos humanos questionava minhas escolhas alegando serem contrárias à
conservação do nível cultural da organização. Todos os profissionais negros que
contratei se desenvolveram, técnica e intelectualmente, acima do esperado.
Alguns se tornaram líderes, instrutores, e gerentes. Por falta de vaga para
todos, outros foram contratados pelos nossos concorrentes. Entretanto, enfatizo
uma abordagem feita logo após a admissão do profissonal negro. Dizia-lhe:
Pedro, ou João, ou José, ou qualquer outro nome, não se esqueça jamais que você
não é "de cor", você é negro, e tenha o mais profundo orgulho em ser
negro, e exija ser respeitado como tal. Exija dos seus colegas o mesmo respeito
que lhe tenho. Tenha consciência de que o contratei também porque você é um
negro brasileiro, e não um afrodescendente. Esta foi uma das minhas
contribuições ativistas contra o racismo neste país. Todavia, isto não tem
mérito porque, reencarnatoriamente, nasci amando tanto a raça negra que tenho
filhos mulatos. E só um branco, pai de mulatos, sabe como é amarga a lágrima
derramada ao ver seus filhos serem discriminados por uma sociedade falaciosa,
hipocrita, e doente, que persiste em negar e esconder a contribuição
civilizatória de um dos mais significativos segmentos étnicos de sua formação
como um povo multirracial.
Hárifhat, o poeta sufí do deserto.
Hárifhat, o poeta sufí do deserto.
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