quinta-feira, 28 de junho de 2018

A Humildade

Nasci psicologicamente desprovido do sentimento de humildade. Ensinaram-me a cultiva-la através da prática. Todavia, percebi que esse procedimento, sem a devida autenticidade, era uma mentira que deformava meu carater. Assim sendo, assumi esta minha idiossincracia, e ao faze-lo constatei que esta performance é uma poderosa arma defensiva contra a maioria dos indivíduos hipócritas e falaciosos, com os quais somos obrigados à conviver nas nossas atividades sociais cotidianas. Constatei, também, que os mais interessados na humildade humana são os líderes religiosos, os quais, mancomunados com as oligarquias, procuram domesticar a rebeldia das sociedades dominadas com a promessa de que os humildes conquistarão o jardim edênico, enquanto conformados com a escravatura social terrestre expiatória em que estão submetidos pela vontade de um deus antropomórfico. Não estou solitário na arrogância porque tenho parentes, amigas e amigos que, também, são desprovidos de humildade, como por exemplo: meus filhos, Maurício, Rodrigo, Roberta,e Adriana, minha nora Karin Cortijo, minhas amigas, Christina Meira, Hilda Breer, Ligia Cabloco, Cecilia Barbazia, Raquel Vieira, Vera Lucia Guerra, Thais Helena Ramacciotti, meus amigos, Luiz Meira Neto, Plinio Ramacciotti, Alcir Mauricio, Nilo Sergio, Wagner De Moura José, Roberto Sant Anna, Elton Felts, e, em especial, um grande amor de minha vida, Guadalupe Roca.
Hárifhat, o poeta sufí do deserto.

A Física Quântica ?

28.06.2018.
Pensamento do Dia.
Concurso de física quântica?
O que é física quântica?
Como é que vou compartilhar uma coisa que não sei o que é.
Perguntei aos meus filhos, que já estão cursando o ensino médio, e, também, não souberam me dizer o que é essa tal física quântica.
Perguntado aos professores, de matemática e de física, ambos disseram que esta disciplina não constava do currículo pedagógico do segundo grau.
Esta é a realidade do ensino no Brasil.
O Estado finge que patrocina a educação, os professores fingem que ensinam, os estudantes fingem que aprendem, e os pais fingem que acompanham a evolução de seus filhos.
Depois assistimos uma maioria de votantes elegendo uma oligarquia legislativa de candidatos que legislam em causa própria.
Depois assistimos uma oligarquia judiciária, encastelada no Supremo Tribunal Federal, interpretando juridicamente um elenco de leis falaciosas sempre a favor da impunidade dos ocupantes temporários dos poderes Legislativo e Executivo.
Mas o fato da temporalidade dos mandatos não é um recurso usado para a depuração dos corruptos detentores do poder político.
O povo, mantido ignorante, renova sistematicamente, a cada eleição, velhos canalhas por canalhas novos.
Jáagora, o peregrino.

domingo, 17 de junho de 2018

O Idoso.

Como em uma corrida de bastão, cada corredor se responsabiliza, se esforça, se sacrifica, se esgota, em toda sua potencia mental e física, para entregar, da forma que mais favoreça ao seu sucessor, o madeiro sagrado, símbolo da sua contribuição na perenidade da existência humana.
Isto é o idoso.
Todo jovem que não souber receber o bastão com a mesma dignidade e honradez de quem o lhe entrega, não será merecedor de ostentar, num dia futuro, o título de idoso.
O idoso é uma tradição viva que disciplina nosso presente e que, em breve, será um antepassado merecedor do culto de nossas preces e luzes, e da nossa mais pujante saudade. Yaakov, o sefardita

quinta-feira, 7 de junho de 2018

O Crepúsculo.

De 1959 à 1964, como membro do Partido Socialista Brasileiro (PSB), exerci intensa atividade política, chegando a ser um dos jovens emergentes mais promissores. Durante aquele período participei de 14 comícios, nas principais praças públicas dos bairros pobres da cidade de São Paulo, sendo que, para cada evento, escrevi e pronunciei manifestos em defesa das classes populares desassistidas.
Naquela época, o PSB tinha um segmento específico, cujo líder era o tribuno Dr. Cid Franco, advogado, escritor, poeta, e radialista de imensa aceitação popular, que, eleito vereador em 1948, e deputado estadual por quatro legislaturas, de 1950 à 1962, idealizou o chamado “socialismo espiritualista”, o qual, com algumas conceituações pessoais, assumi como minha bandeira político-partidária.
O golpe militar de 31 de março de 1964 destruiu, de forma imediata, lacônica, e por 21 anos, minhas nascentes aspirações progressistas.
Como consequência sumária do Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964, intimado para, em 30 de abril, no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Delegacia do Estado de São Paulo, perante o delegado federal, Dr. Cícero Stefani, prestar satisfações quanto as minhas ideologias e comportamento político-partidário pregresso, foi me oferecida a alternativa de “livremente” optar pela assinatura de uma declaração jurídica de retratação pública, de inteiro teor, através da qual demitia-me do PSB, por reconhecer, naquele partido, determinados posicionamentos atentatórios à plena soberania da Carga Magna da República.
Acovardei-me, e assinei o documento, símbolo da minha rendição.
Conforme determinações do Ministério do Trabalho, do regime do Governo Militar, meu empregador, notificado da minha intimação, demitiu-me, por justa causa, alegando “ocultação de conduta ideológica”, alegação, esta, que dava ganho de causa. aos empresários, nas ações trabalhistas movidas pelos desempregados, dessa situação, que compunham um grupo de absoluta minoria.
A privação de recursos monetários foi a primeira ação do regime do Governo Militar para impedir reações imediatas contra o novo Estado..
Conformado com a nulidade da ação trabalhista, fiquei quinze meses sem trabalho registrado, e sobrevivendo de economias, e de eventuais serviços de consultoria contábil.
Durante esse período de escassos meios de subsistência, e mesmo após, fui convidado para participar de grupos subversivos de resistência armada contra o regime do Governo Militar. Recebi promessas de substancial dinheiro futuro para integrar um seleto corpo de intendência operacional, cuja incumbência seria elaborar planos de ação conjunta, nas pequenas cidades de todo país, para conseguir dinheiro, armas, munições, e transportes, através de assaltos às agências bancárias, aos paióis de quartéis, às delegacias de polícia, e aos sequestros de familiares de grandes empresários. Na minha veemente recusa mencionei o epíteto do socialismo espiritualista pronunciado, em outros tempos, pelo saudoso Dr. Cid Franco, nos seguintes termos:
“Sou, hoje, um espiritualista convicto que luta pelo socialismo, e que luta contra a ganância capitalista, por meios legais, parlamentares, e democráticos. Ideológica e praticamente não aceito nenhuma espécie de ditadura. Oponho-me à ditadura proletária dos russos que surgiu como provisória e se tornou definitiva. Prezando, acima de tudo, a liberdade de pensamento e da palavra, considero um erro e um perigo a política de perseguições e de prisões por ideias. As ideias combatem-se com ideias, e não com a força, e nem com a violência.”
Não pretendi demover ninguém, apenas, fundamentei minha repulsa aos convites recebidos.
Finalmente, aceito como candidato à uma vaga, e cumprindo a exigência, da época, de apresentar atestado de antecedentes criminais, fiquei surpreso e satisfeito com o resultado, que declarava meus antecedentes criminais impolutos.
Iniciei a reconstrução de minha vida.
Paradoxalmente, foi durante o regime do Governo Militar que pude usufruir de um ambiente político, burocrático, e operacional, que permitiu alcançar o apogeu de minha carreira como administrador técnico de empresas de seguro, pautada por conceitos, éticos e morais, da mais intransigente e ortodoxa honestidade de propósitos, nos contatos sistemáticos com as autarquias federais dos ministérios pertinentes.
Não sejamos ingênuos e inocentes, pois é óbvio que durante o regime do Governo Militar houve abuso, porém, menos do que os governos civis anteriores, e muitíssimo menos do que os governos civis posteriores, notadamente no que se refere à presidência esquerdista exercida, desgraçadamente, na República, pelos corruptos e corruptores do Partido dos Trabalhadores, prenunciado como o defensor da ética e da moral no trato do patrimônio das coisas públicas.
Portanto, para as pessoas que proclamam sua auto qualificação de torturados pelos agentes torturadores do regime do Governo Militar, questiono: -o que a pessoa fez , de tão terrível, que motivou seu aprisionamento e a sua consequente tortura? -que informações, tão decisórias e tão segredadas que, descobertas, pudessem perigar a vitória do movimento terrorista, que justificasse uma extração por meio de tortura; -qual a importância pessoal de torturado, dentro da organização terrorista, ao nível de segredar informações capitais?; -se as informações não foram reveladas, como o torturado sobreviveu?; - se as informações foram reveladas, como o torturado foi referenciado pela organização terrorista?; -por que o torturado é reticente no relato das circunstâncias da sua tragédia pessoal?; -onde a verdade se confunde com a mentira?.
Concluindo, quando de minha passagem pela Escola Estadual Prof. José Calvitti Filho, todos os professores, ditos como esquerdistas, com os quais tive contato, não tinham conhecimento dos conceitos filosóficos do comunismo como ideologia política. Nunca leram ou estudaram as obras acadêmicas e doutrinárias do filósofo alemão, Karl Marx, e do pedagogo teórico italiano, Antonio Gramsc. Seus conhecimentos sobre o comunismo estavam circunscritos à resumos e análises de segunda mão, contidos em livros de autores de credibilidade duvidosa. Quanto a serem divulgadores, nas salas de aula, para a plateia estudantil, do esquerdismo brasileiro, tardio e reacionário, nem para isso se qualificavam, pois eram pessoas psicologicamente em conflito com si mesmas, insatisfeitas com os seus resultados profissionais, e sonhadoras com uma falácia social, que fracassou em todas as sociedades que sofreram as consequências da tentativa de um comunismo que se transformou numa, desumana e sangrenta, ditadura escravocrata de Estado.
Quanto ao atual PSB, recriado em 01.07.1988, do qual só restou a legenda, tem tido uma trajetória que enlameia seu passado, arregimentando, como seus correligionários, uma verdadeira escumalha de pessoas, que entram na política em causa própria, atentando contra todos os valores honrados e dignificantes de uma verdadeira democracia republicana.
Jáagora, o peregrino.